Louvar,
Abraçar,
Agradecer.
O álbum de Italo Arom, novidade na música baiana com seu axé elétrico, é uma trajetória de um "eu lírico" contada de trás pra frente, onde rega, prega, renega e traz à tona a relação do ser com o tempo. Fala de como esse tempo se torna essencial ao ser diante de toda sujeira e ganância do mundo, do mundo dito crente, que busca usar a relação com um ser maior, propagando crença distorcida para afastar, separar, agredir e distanciar-nos da real relação com a natureza, que aqui desempenha um papel materno de proteção a tudo que se predispõe a ser maléfico. Aqui, exatamente neste ponto, ele nos põe nu ante ao mundo, nu ante a tudo, nu ante a música. Nos põe nu por mostrar que grandioso senhor de nós é cada folha e pedrinha pequenina debaixo dos nossos pés, é a agua límpida a correr da nascente tornando-se rios, é a cantoria das folhas em brisa, é o sol que brilha e a noite que cai. São os becos lamacentos e a luz, é a escuridão e a espiritualidade.
O "Eu lírico" em sua trajetória nos despe lentamente de todas as angústias e mágoas, de todo o sistema imundo e nos põe diante da grandiosidade da natureza e da força dos orixás. Daí, Adupé! Adupé ao artista sensível, Adupé aos acordes e melodias, Adupé à espiritualidade e a busca de conexões com tudo que nos mantém.
Adupé à força, Adupé à fé.
Adupé significa agradecimento.
Adupé é um agradecimento ao tempo e tudo que nos tornou quem somos. Louva cada instante de vida, abraça o desconhecido e agradece à força que o sustém.
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