Olá, Leitor!
Vem cá um pouquinho e me dá 5 minutinhos da sua atenção. Vamos bater um papo sobre "lugar de fala" e algumas toxinas do cotidiano que contaminam as relações em todos os seus níveis.
Hoje ouve-se muito falar em "lugar de fala", sem saber ao certo a definição. Você sabe o que é, ou ao que se refere o termo "lugar de fala"? Lugar de fala é vivência, cotidiano, o particular de cada um como indivíduo no grupo social e realidade. Então sabe aquela história: antes de me julgar, viva o que eu vivi? Na pratica, é exatamente isso.
A problemática que envolve o lugar de fala é querer exercer influência e opinião em coisas que conhecemos apenas de ouvir falar, coisas que a gente não vivência e não tem noção de dimensão e profundidade. Por exemplo, é como um homem branco quisesse definir o que é racismo, ou um homem hétero querer definir o que é homofobia. Vamos mais a fundo? É como se um aposentado aos 33 anos quisesse dizer os critérios de sua aposentadoria impondo regras que te obriguem a trabalhar até os 65 anos de idade. Logo ele que não tem o seu trabalho pesado e suado, que não sente o peso de sua rotina, não sustenta sua família, que não conhece suas ansiedades e problemas e que não tem noção do que um brasileiro médio passa pra ganhar o pão do dia. Isso é lugar de fala.
As questões que envolvem o Lugar de fala podem ser tóxicas pelo modo como reagimos a isso. O momento que nós nos achamos capazes de opinar coisas que não vivemos sem entender os vieses dos fatos e realidade, somos levados a uma supremacia fantasiosa medíocre que nos conduz à contradição e desumanidade. O sonho de alunos de escolas particulares é entrar numa universidade pública. A partir do momento que criticamos sem conhecer a Universidade por pura balbúrdia governamental, fomentamos o senso comum de que o estudo e a pesquisa não interessam pra jovens que tem sonhos e buscam um futuro diferente dos seus anteriores na família. É como se dissessemos a essa juventude que realizar suas vontades é uma coisa ridícula, mesmo que essa vontade seja se tornar Doutor. Isso é tóxico. Se torna tóxico quando nos tornamos ditadores de uma realidade que não é a nossa.
Se o caso se referrise apenas a estratégias do governo ainda estaríamos no lucro. Mas, infelizmente se estende a âmbitos da vivência em grupo que envolve o racismo, a escravidão, a violência doméstica entre outras coisas que culturalmente foi desenhada pra não causar impacto, mas que precisam urgentemente ser discutidas e incutidas como caráter urgente social na mente dos brasileiros e brasileiras. Enquanto isso aumentam os números de feminicidio, de Trans que não tem o direito de ir e vir e vivem em média 35 anos, onde idosos e crianças são agredidos. Enquanto passamos por cima do lugar de fala que precisa ser ouvido e abraçado, o assassinato de jovens negros é quase o triplo ao de brancos, e mais do dobro são mortos "por engano" só por serem negros. Repugnamos todos os tipos de assassinatos. Infelizmente a sociedade se acostumou com morte, com números e estimativas como algo natural.
É a isso que temos de nos atentar e abrir os olhos. Nada é tão Divino e Maravilhoso assim que não nos caiba reflexão e mudança. Pessoas e mais pessoas lutam pra ser inclusas num projeto de sociedade. A depressão é o mau do século. E nós onde estamos? As pessoas precisam ser abraçadas e terem seu lugar de fala escutado e respeitado. Somente pessoas abraçam pessoas.
Abrace essa causa!
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